19/05/2010

ANIMAÇÃO EM MUSEUS

Um museu é um espaço que tem por objectivo recolher, conservar, pesquisar e valorizar de diversas maneiras os elementos de valor cultural e ambiental para uma determinada sociedade ou país, de forma a manter vivas todas as heranças culturais e ambientais.
Numa sociedade pedagógica como a nossa, em que de tudo se fala e tudo serve para aprender, os museus têm um papel fundamental neste processo servindo como espaços de aprendizagem informal. Esta acção educativa não-formal dos museus compreende que deva ser feita de maneira prazerosa. De acordo com alguns autores "a transmissão do conhecimento acontece de forma não obrigatória e sem a existência de mecanismos de repreensão em caso de não-aprendizado, pois as pessoas estão envolvidas no e pelo processo de ensino-aprendizagem e têm uma relação prazerosa com o aprender". (VON SIMSON, PARÇ, FERNANDES, 2001:10). A realização de cursos, ateliers, seminários, visitas guiadas ou não em museus são importantes instrumentos de interacção entre os visitantes e a mensagem que a própria exposição pretende transmitir. Se inicialmente, antes do séx XIX, o museu era um mero repositório de obras, achados e colecções, a partir de 1960 passou a envolver o conhecimento e a abertura a todos os públicos passando a desenvolver um papel facilitador da educação. A educação museológica é bastante complexa e, segundo Eilean Hooper-Greenhill, acenta em 3 eixos: educação/interpretação/comuniação, deve, sobretudo ser um complemento à escola. Os utilizadores são vistos como "parceiros interpretativos" (GIROUX, Henry, 1992). A Aprendizagem nos museus decorre no contexto pessoal sociocultural e físico e nas suas interacções. Após a visita ao museu não se deveria perguntar o que se aprendeu com a visita ou com o atelier mas sim, o que é que a experiência da visita ao museu contribuir para o que já sabia. (Falk e Dierking, 2000:12). Deverá haver sempre uma preocupação constante por parte dos educadores em museu de construirem os museus como lugares onde há emoções positivas pois só assim a aprendizagem é facilitada e potenciadora. Se o museu instigar a curiosidade mais motivação haverá por parte da pessoa para aprender. A curiosidade aumenta-se através da interação entre os Animadores e os visitantes. Os Animadores, responsáveis pelos serviços educativos, devem ter a sensibilidade de criar e incentivar, ainda mais, a curiosidade dos visitantes para a aprendizagem. Realizar actividades e ateliers temáticos e direccionados para diversos público-alvo é a melhor ferramenta de ver o seu objectivo educativo concretizado.

12/05/2010

O Animador Educativo e Sociocultural e a Participação das Comunidades nos processos de Animação

O animador é um elemento fulcral na animação pois, sem ele jamais haveria processo de Animação. É um interventor a nível social e cultural que sabe descobrir e estimular as potencialidades individuais e colectivas e adaptar-se constantemente ao público e ao meio onde trabalha.
O animador sociocultural é aquele que cria condições favoráveis ao desenvolvimento do processo participativo promovendo:
- O desenvolvimento das potencialidades dos grupos e das comunidades;
- A planificação participada das actividades;
- A facilitação da intercomunicação;
- O respeito das ideias dos outros;
- A aceitação das diferenças;
- A promoção da autonomia individual e colectiva;
- A gestão positiva dos conflitos.
O animador constitui uma peça chave no processo da animação, é um profissional facilitador e dinamizador das funções da animação, da sua intervenção, planificação, gestão e avaliação. Assume cada vez mais, um papel facilitador e mediador na sociedade, através do fornecimento de novos meios, técnicas e métodos de mudança cultural, social e educacional. É uma pessoa dinâmica que pretende pôr em prática o sistema de valores em que acredita. É responsável, sociável e gosta de partilhar responsabilidades no trabalho em equipa. É aberto à mudança e sabe ouvir sem manipular as ideias dos outros.

Segundo Bento1, o perfil e papel do Animador deve assentar num quadro de animador generalista – “Um especialista das generalidades, sobretudo um coordenador de grupos, sensível, culto, dinâmico, discreto, solidário e democrata. Um conhecedor de um conjunto de instrumentos que lhe permita tornar eficaz a sua intervenção. Esses instrumentos serão os conhecimentos teóricos e práticos que funcionarão como processos de partida para a sua intervenção junto dos grupos. Será, naturalmente, um conjunto de disciplinas da área das ciências sociais e humanas, o domínio da língua materna e, eventualmente, de uma língua estrangeira. (…) o conhecimento de algumas técnicas de condução de grupos e de alguns saberes políticos”.

O Animador Educativo e Sociocultural desempenha competências pessoais, pedagógicas e técnicas.
Nas Competências Pessoais o animador deve ser especialista e generalista, comunicador, sociável, responsável, dinâmico, criativo, imparcial, entusiástico, empático, adaptável, polivalente, ter iniciativa, autónoma, etc.
Nas Competências Pedagógicas o animador deve saber informar, educar e incentivar.
Nas Competências Técnicas o animador deve dominar conhecimentos gerais, conhecimentos científicos, fenómenos de grupo, métodos, técnicas e instrumentos, expressão oral e escrita, técnicas de recolha de dados, meios informáticos e multimédia.
O animador Sociocultural é um profissional que organiza, gere, desenvolve e coordena actividades e projectos de animação sociocultural para o desenvolvimento das comunidades, utilizando técnicas e recursos adequados, com o objectivo de desenvolver o espírito de pertença, cooperação, participação e solidariedade dos indivíduos.

Para Bento2 “o animador sociocultural é, de facto, um agente do desenvolvimento. Por essa circunstância, deve desempenhar funções gerais ou específicas conducentes ao êxito da melhoria da qualidade de vida das populações: comprometendo-se a estar atento à tradição e inovação cultural, obrigando-se a incentivar, apelar e organizar a participação dos indivíduos e tornando-se um ponto de referência dos valores e da democracia”.

A participação é um elemento fundamental no desenvolvimento sociocultural. Todos os protagonistas deste processo devem ter a experiência de se colocar simultaneamente nos papéis de observador e participante.
Falar de desenvolvimento cultural sem querer perceber a importância dos fenómenos da transmissão e difusão dos bens culturais, é rejeitar a oportunidade única, das comunidades fazerem a sua própria historia. A possibilidade de usufruírem do conhecimento do seu património cultural e de se consciencializarem para a sua conservação; dar importância ao seu desenvolvimento cultural, ignorando a educação é negar ás comunidades o seu crescimento intelectual, assim como inviabiliza a capacidade de se entender a democracia e uma das suas regras, a igualdade no direito de oportunidades; enfim, pensar no desenvolvimento cultural, sem reconhecer a necessidade das populações, é negar-lhes a capacidade de tomar decisões e afirmar vontades.

Avelino Bento cita que “a participação pode e deve projectar atitudes, desejos, necessidades e dinâmicas, também elas de dimensão pluralista e capazes de funcionar entre o indivíduo e o grupo e entre estes e a comunidade”3.

Incentivar as comunidades à participação é fazer sair as pessoas da passividade, do desinteresse e da apatia, para as envolver num processo de participação e criatividade. Para isto é conveniente utilizar métodos participativos.

Notas bibliográficas:
BENTO, A., “Teatro e Animação – outros percursos do desenvolvimento sócio-cultural no Alto-Alentejo”, Edições Colibri, Lisboa (2003), p.120-121.

BENTO, A., Ob. Cit., 2003

BENTO, A., Ob. Cit., 2003

BENTO, A., Ob. Cit., 2003, p. 59.

08/05/2010

O QUE É ANIMAÇÃO?


Pela definição da UNESCO "É um conjunto de práticas sociais que têm como finalidade estimular a iniciativa, bem como a participação das comunidades no processo do seu próprio desenvolvimento e na dinâmica global da vida socio-política em que estão integrados."

Através da consciência prevê-se que as pessoas, que formam comunidades coesas e diversificadas, participem livremente nas actividades que diversas entidades públicas ou privadas possam desenvolver, com o objectivo do simples divertimento, até à resolução de problemas mais complexos. Imaginemos exemplos destas situações: O simples divertimento pode ser um baile organizado pela Junta de Freguesia (Etidade Pública) ou um concerto de um grupo conhecido a nível mundial organizado por diversas Empresas de Eventos. A resolução de problemas mais complexos passa, por exemplo, pela organização de Caminhadas ou Maratonas a favor da Luta Contra a Pobreza.
Os eventos de Animação não podem ser desligados da parte Educativa, pois uma intervenção tem que ter propósito e tem que ser capaz de dotar os interveninetes e os espectadores de competências e capacidades. Tão só os bailes comunitários têm como objectivo o convívio, que permite aos cidadãos criar laços de pertença e afectividade, tornando-os mais coesos e cooperativos, como as Maratonas a favor de diversas causas permite alertar para problemas reais e que têm que ser resolvidos e apoiados pela comunidade, tornando os cidadãos mais dispostos e voluntários para os outros. É portanto importante a participação activa da comunidade para a Intervenção/Animação resultar.
Devido ao facto de a actividade de Animação ser tão abrangente leva-nos a ser profissionais bem dotados e com grandes capacidades de intervenção em inúmeras áreas. Devemos ter sempre em conta que o facto de a Animação ser Sociocultural requer uma enorme capacidade, por parte do interveniente de compreender bem a cultura onde desenvolve a actividade tendo em conta as características, as fraquezas, as qualidades e capacidades da sociedade envolvente. Por exemplo, nunca pensar um Animador em realizar uma Festa Gastronónima Bovina em países que veneram a Vaca! Como não devemos excluir a hipótese de organizar eventos, como forma de intervir em populações de risco quando o nosso objectivo é reduzir, ou mesmo terminar, com a situação que provoca essa situação.
Gostaria que, num futuro bem próximo, o Animador fosse visto como um Recurso Humani indispensável à criação de valores e competências de cidadania; que fosse visto como um profissional sério, com elasticidade múltipla capaz de mudar a sociedade tão diminuida de valores e honra social; que fosse visto por todos os responsáveis de Instituições que intervêm na sociedade como um Ser com formação adequada de forma a enriquecer todos os povos. Não ser Deus, porque para muitos não existe Deus, mas ser seguido e apoiado de forma a conseguir concretizar o seu papel na sociedade.

Boas-Vindas


Este site surge da vontade de recomeçar a minha vida nesta área... Estudei, pensei, reflecti, lutei mas, por circunstâncias profissionais fui-me desligando já que a minha profissão actual passa por muitas funções mas nenhuma que tenha a ver com a Animação. Agora, passados 3 anos longe, decidi voltar. E voltar com força. Por isso, este espaço não é mais que um espaço onde investigo, leio, actualizo os meus conhecimento, através dos sites e blogs que visito, através dos comentários que possam merecer as minhas postagens e, claro, através de novas ideias que possam surgir. É um blog que me vai permitir pegar onde eu fiquei na temática da animação para seguir sempre em frente rumo ao futuro.
A palavra-chave deste meu blog será, Para começar e não mais acabar!