Achei interessante expor um pouco de um trabalho desenvolvido por Silvia M. gasparian Colello, pertencente à Universidade de São Paulo, sobre a Educação e Intervenção Escolar. Vou centrar-me na parte da educação e intervenção na Juventude já que é um campo que me interessa particularmente, e pelo menos, não entro em domínios de educadores de infância, apesar de termos, nós animadores, de conseguir lutar contra os professores que fazem e desenvolvem o nosso trabalho. Não por culpa deles, mas por culpa de muitos Srs. do nosso Ministério que acham que devem ser o professores a intervir na escola, mesmo que seja dentro de matérias e assuntos que nos dizem respeito a nós e não a elas, mas quanto a este assunto, fica aberta a discussão para quem quiser intervir e espero, mais para a frente, poder desenvolver mais este tema, por experiência própria.
Começa com várias perguntas em relação à educação: Como alcançá-la? É possível planear a intervenção para, efetivamente, atingir o ideal do homem educado? Qual o papel da escola nos diferentes estágios do processo educativo?
Sendo a educação um processo complexo que acompanha o indivíduo ao longo de toda a vida, fica a dever-se a diversos agentes, experiências e fontes de aprendizagem, sendo muitas vezes de difícil controlo. Recebemos educação através da própria vida e, como tal, torna-se absolutamente imprevisível qual o rumo e ensinamento que poderemos receber.
A escola é apenas um dos diversos agentes neste processo educativo. Oferece uma intervenção baseada em princípios éticos, culturais, cognitivos, sociais e políticos.
Ainda bem, para todos, que a escola mudou, ao longo de muitos anos, a sua própria perspectiva de aprendizagem e ensino. Se inicialmente era apenas a transmissão de saber, hoje em dia é colocada ao serviço da formação do homem em diversos âmbitos(Gusdorf, 1970).
Na verdade, as grandes mudanças educacionais do século XXI incentivam o “saber ser” e o "saber fazer" dando ao sujeito o papel activo na construção do seu conhecimento tornando-o mais consciente, equilibrado e responsável. Esta autora refere que hoje em dia a educação é como uma "bússola capaz de nortear a formação de posturas críticas e as tomadas de decisão".
Piaget continua a ser a base teórica para qualquer educador já que considera que a aprendizagem depende de um processo pessoal e activo de constante abertura para o novo num contexto de significados (razão pela qual o ensino não se encerra em si mesmo).
Já muito se tentou fazer neste campo da intervenção e da orientação, tal como, projectos de “orientação de estudos”, “orientação sexual” e “orientação profissional” e de todos os mini-projectos que são desenvolvidos pelos alunos na sua Área-projecto de turma e de grupo. De qualquer forma, entendo que a intervenção escolar por parte dos educadores deva levar a projectos de qualidade que facilitem a institucionalização, a escolarização e a orientação para o social.
A partir, normalmente dos 11 anos de idade as experiências fora das instituições escolares influenciam mais o jovem que propriamente o ensino e as matérias. Entram na adolescência e no momento da construção da personalidade e da identidade e é impensável para qualquer instituição e educador livrar-se destes aspectos no seu processo de ensinamento. Surge um crescente interesse por temas não considerados pela escola, a busca de identidade, o desejo de responder a perguntas como “quem sou” e “o que quero” são, segundo Oliveira e Chakur (In Leite Salles e Oliveira, 2000), elementos desestruturantes da pessoa que se configuram simultaneamente como elementos constituintes do amadurecimento e inserção na vida adulta. O dia a dia escolar é, assim conturbado pelos fortes apelos de ordem sexual, afectivo, económico, ideológico e social. Assim, ainda que o aluno reconheça a importância do ensino, vê-o mais como metas futuras e a escola deixa de ser o eixo central da vida do aluno. Os conflitos entre a escola e os apelos da vida social, tão frequentes nos alunos entre os 15 e 17 anos.
Dada esta nova realidade juvenil, os rumos da intervenção educativa voltam-se para a inserção do sujeito no mundo. Depois de tantos anos na escola, o adolescente se defronta com os apelos da sociedade e clama por uma escola cúmplice do seu momento de vida. Assim, sem desconsiderar o apoio ao processo de ensino-aprendizagem inerente à vida escolar, a interferência educativa reforça um compromisso social, tendo em vista a preparação de jovens para o exercício da cidadania, para a autonomia e a responsabilidade de atitudes.
Com base nesse princípio, é possível apontar as seguintes prioridades da educação de jovens:
a) Dimensão física e psicológica:
· fortalecimento de posturas, valores, e informações que possam favorecer a preservação de si e da saúde.
b) Dimensão sócio-afetiva
· incentivo ao desenvolvimento da consciência crítica que fundamenta a tomada de atitudes, a autonomia e a responsabilidade no relacionamento com o outro e com o mundo,
· orientação, e aqui poderá ser uma orientação económica, para o enfrentamento de novos desafios, tais como, o exercício da cidadania, a escolha profissional, a entrada para a universidade, o início da vida sexual e o ingresso no mercado de trabalho
· promoção de oportunidades para a conquista da autonomia e do bom relacionamento no grupo de convivência.
c) Dimensão cognitiva
· ajustamento do projeto pedagógico de modo a resgatar o valor do conhecimento e do trabalho escolar na perspectiva da sociedade e da inserção no mundo do trabalho.
Concluindo:
A intervenção educativa deve, contudo, incorporar princípios flexíveis capazes de contemplar as particularidades pessoais e culturais, escolares e sociais, tendo como alvo os processos de desenvolvimento, personalização, socialização, humanização e libertação. Trata-se, portanto de uma prática essencialmente pedagógica que ganha sentido pela sua conotação política.
Tendo em vista o inegável impacto exercido pela escola sobre o aluno, o rumo dessa intervenção ao longo da vida escolar segue um movimento dialético que procura inserir o homem na escola, favorecer a sua integração e aproveitamento para, finalmente, devolvê-lo à sociedade. Na medida em que esses momentos de rumos contrários se sobrepõem no processo educacional, preparar o cidadão é, em certa medida, investir na formação do estudante e, mais do que nunca, valorizar o processo de escolaridade.
05/07/2010
A ANIMAÇÃO NA JUVENTUDE
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